Previsão de tempos latino-americanos

A América Latina entra em um novo ritmo com as mudanças políticas dos últimos anos, com saídas de governos radicalmente de direita ou neoliberais, aqueles que entendem que a solução para qualquer crise é a redução do tamanho do Estado, com ataques ao estado do bem-estar social.

Na Colômbia, Gustavo Petro vem dando passos importantes de negociação com Nicolás Maduro, com abertura de fronteiras, depois de muitas turbulências entre os dois países com interferência de políticos colombianos aliados de primeira hora dos EUA, envolvendo uma oposição venezuelana com discurso conservador e entreguista, aliado anteriormente ao governo do americano Donald Trump. Em tempo, Juan Guaidó se tornou uma piada e de mal humor.

Pensar um país da região deveria resultar em concepção estratégica de toda a América Latina, mas ao contrário, a história se repete, com uma divisão política orquestradas por players interessados na exploração regional, no que se refere à riqueza do solo e consumo.

Presidente da Argentina em encontro com Lula, vencedor das últimas eleições presidenciais no Brasil, em evento na Casa Rosada; os quais representam outros governos com projetos sociais para a América Latina- imagem site Poder 360

Assim, tornando os latino-americanos uma espécie de celeiro de commodities e consumidores de produtos, para enriquecimento externo – sem abertura para industrialização e investimento em tecnologia regional. A palavra, portanto, é negociação e união de forças.

A vitória de Lula no Brasil traz uma vigorosa vitória para este pensamento de união, o qual já sinalizou aproximação com os países de visão social da região, como é o caso da Argentina, Colômbia, Bolívia e Venezuela, Chile, ainda que a questão seja complexa, que exige ampla discussão, mas ecaminhada.

Pensar democracia por aqui exige muita atenção, afinal, pode ser sinônimo de exploração, cuja liberdade e justiça não resultam em reflexo para a maioria da  população, quando se tem uma elite enfeitiçada por New York, Londres, Paris.

A “derrota” de Trump e de seus seguidores nos EUA, neste momento também é uma boa notícia para a região. Primeiramente reduz qualquer visão otimista do bolsonarismo radical no Brasil e aliados do conservadorismo americano com as antenas ligadas nos conflitos da região.

Não se deve esquecer da personalidade do Tio Sam que será sempre pela concentração de poder regional, como pensou os idealizadores de uma “pátria grande” que abarcasse parte da América Latina. Realidade conhecida pelo México que perdeu importante recorte de seu território, com aumento de terras e poder do EUA.

Se historicamente a estratégia de divisão funcionou na região, e pensando nisso a Argentina tem papel fundamental nas próximas eleições, na escolha de novo presidente, cuja situação é complicada para o atual presidente, Alberto Fernández e o Kirchnerismo, tendo nos calcanhares dívida impagável feita nos tristes tempos Maurício Macri e seu grupo político.

Porém, como parece ser, a exemplo de movimentos políticos latino-americanos, os argentinos formam uma população com propostas sociais definitivas e conscientes de seu lugar nestas disputas políticas.

América Latina na Guerra

Como vivemos em um mundo sistêmico, um movimento em algum lugar gera efeitos no planeta em proporções significativas. Os ventos são mais fortes quando o território é o da economia, pelo fato se ser a arma de poder que define governos e políticas nacionais. Se é o princípio, os acontecimentos políticos na América Latina poderão se irromper com a segunda guerra fria, como resultado das disputas entre Estados Unidos e Rússia.

Na simplicidade dos argumentos, mas importante, a elite nacional ligada ao mercado seria uma espécie de força militar em terreno de disputas sociais, na defesa de modelos econômicos em guerra. Vencer ou perder define o comportamento daquela nação em determinado período.

A guerra na Ucrânia é observada como localizada, mas de fato não é, afinal quais são as propostas dos EUA e Rússia ao entrarem no campo das intrigas verbais, que podem resultar em enfrentamentos no território das armas e mortes?

A razão é muito simples, mais poder. Aumentar domínio territorial, que depende de espaço para domínio econômico e resultado na supremacia sobre o país do outro – os livros de história sobre os impérios relatam com atenção estratégias de guerra, para dominar economia e culturas.

Putin e Jinping ganha visibilidade como agentes políticos nas disputas geopolítica com Estados Unidos e Aliados. A posição dos líderes Russo e Chinês tem feitos no diálogo internacional sobre disputas territoriais que podem resultar em guerra na Ucrânia, . Aleksei Drujinin/Kremin/Sputnik/Folha de S. Paulo

Evidente que que os norte-americanos não estão nesta guerra sozinhos, mas com o apoio dos aliados históricos europeus, cujo nome que os agrega é a Otan, Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Como já avaliamos em outro comentário, os enfrentamentos com a “faca entre os dentes” têm como objetivo sinalizar poder contra inimigos que ameaçam a sua soberania e poder. Rússia e China vêm ganhando território mundo afora, levando questionamento à solidez financeira dos EUA, que se intitulam a grande potência mundial, que de fato mantém sua importância no jogo político global.

Neste sentido, de estratégia pelo poder, se a Ucrânia e os antigos países da ex-União das Repúblicas Socialistas Soviética (URSS) estão na fronteira territorial e econômica da Rússia, a América Latina está para o quintal do país norte-americano. São efeitos de uma guerra em negociação, em meio a conflitos históricos que se atualizam.

O país de Fidel Castro sempre se posicionou contra os Estados Unidos em diferentes governos, pagando preço muito alto pela inimizade, se intitulando nação socialista, no modelo político e econômico. Os cubanos em tempos de disputas com o capitalismo esteve ao lado do governo Venezuelano de Hugo Chávez que foi sucedido por Nicolás Maduro, o qual enfrenta todos os dias guerras internas e externas, estimuladas estrategicamente pelo arqui-inimigo, os Estados Unidos.

Joe Biden não trouxe nenhuma solução pacífica para os cubanos quanto ao turismo e liberação econômica, com sanções internacionais em vigor, o mesmo ocorre para com os venezuelanos. Dois países que não estão solitários na América Latina com enfrentamentos políticos e ideológicos com governo dos Estados Unidos. Dentre eles, Argentina e Bolívia.

O Perú com Pedro Castilho e Chile com Gabriel Boric, respectivamente recém-eleitos para a presidência, podem acrescentar ao desconforto com o modelo neoliberal do país norte-americano, diante da injustiça social como consequência de políticas externas, manipuladas em conjunto com países do centro econômico.

Os chamados partidos de esquerda latino-americanos sempre tiveram fortes batalhas contra o vizinho poderoso do Norte, que por sua vez interfere na política regional, tratada nos bastidores da Casa Branca como terras sob domínio territorial. Uma situação que desagrada uns e agrada outros.

Pode ser verdade que parte da elite brasileira, por exemplo, convive com muita tranquilidade com esta realidade, e tem como objetivo manter esta relação de submissão aos Estados Unidos, por sobrevivência no topo do prestígio nacional, com renda que diferencia os pequenos grupos da maioria dos brasileiros.

Em essência, como resultado da disputa entre EUA e aliados contra Rússia e China, ainda que prevaleça algum diálogo, a geopolítica mundial poderá sofrer alterações, com grande impacto numa América Latina dependente dos norte-americanos, mas dividida quanto aos resultados para a democracia e igualdade social regional.

Talvez um assunto para ser discutido, ainda em tempo, nas disputas eleitorais deste ano no Brasil.

Democracia para a ditadura

A Venezuela. com o Chavismo e Maduro, continua uma incógnita no mundo. Afinal, como o governante consegue se manter no poder em um país em absoluta crise social e principalmente econômica. Talvez a resposta esteja do andar de cima da América Latina, os Estados Unidos.

A história venezuelana deixa evidente o que seria a vitória da oposição ao chavismo, tudo do mesmo. Exportação da riqueza do país, principalmente o petróleo para a potência mundial, a qual o seu presidente, recentemente, disse não saber que a Venezuela é um país independente dos Estados Unidos. Como o resultado mais pobreza do que a realidade vivida atualmente, no Estado de Guerra.

Não é fácil imaginar a país latino-americano sob o comando de Donald Trump. Bolsonaro se fosse razoável seria o primeiro a contestar, entendendo que haveria uma supremacia oficial na região, fazendo densa sobre a maior nação regional. Mas não é assim que imagina no seu mundo de sonho americano.

Juan Guaidó, o presidente autoproclamado da Venezuela que se enfraquece com discurso frágil de democracia, na submissão política aos Estados Unidos. Kenzo Tribouillard – 22.jan.20/AFP

O presidente empossado pelos Estados Unidos Juan Guaidó é um absurdo político, que talvez o planeta nunca tenha visto. Alguém que, no dia seguinte, pela incapacidade de criar um debate sério e honesto com os venezuelanos, afirma ser o presidente da nação.

Daí em diante, tudo a ele pertence até mesmo a riqueza nacional em outros países, para a pobreza nacional no presente, com apoio de dezenas de países aliados dos Estados Unidos, inclusive o Brasil de Bolsonaro.

Os analistas políticos na sua maioria desenharam entendimento de que Maduro estaria fora do governo no instante depois da decisão dos Estados Unidos realizarem intervenção abertamente no país. Mas até agora não há sinais da saída daqueles que a mídia brasileira chama de ditador.

Esperando milagres!

O Brasil caminha para uma crise conjuntural, mais profunda que a das décadas recentes, que não se resume ao econômico, mas em vários níveis do Estado Brasileiro.

As mudanças propostas pela nova política brasileira e internacional se relacionam, ao final, no atendimento aos conservadores e liberais, de forma a nada mudar na divisão de renda e tudo transformar quanto à abertura econômica, pensando numa modernidade que nunca chega. Para tanto, necessário um projeto de família, fé, cultura, e meio ambiente, cada qual com suas funções simbólicas na sociedade.

Presidente conservador Bolsonaro ao lado do superministro da economia Paulo Guedes, com política a espera de um governo que deslanche para evitar questionamentos de grupos apoiadores e população que espera o (de) novo – imagem Jornal Folha/Adriano Machado.

O trabalho é problema nesta visão modernizante, pois onera as empresas, permitindo direitos aos trabalhadores que tornam-se, no “sistema antigo”, de outrora, protagonistas no modelo social, como consequência reduzindo o status quo de grupos sociais, que têm muitos motivos para o conservadorismo deste futuro.

Sem alongar aqui, cabe ressaltar a falta de comunicação do governo brasileiro, como exemplo nosso, com aqueles que vivem e viverão mais intensamente o processo de exclusão que se inicia, com mais energia motora do retrocesso. Um paradoxo em termos de internet e Fake News, mas em algum momento o que é dito sem consistência não se mantém, torna-se inconveniente e irresponsável.

Se o leitor quiser exemplos sobre o modelo econômico modernizante, basta observar a Argentina de Maurício Macri, Equador com Lenín Moreno, ambos países emergiram com ótimas propostas neoliberais, com a redução do Estado, desfazimento de direitos da população e privilégio às elites locais, com boa comunicação externa, com seus modelos de família e fé, contudo a conta nunca atingiu o esperado para os mais pobres e classe média que empobrecem neste sistema.

A crise social no Brasil é inevitável neste modelo e de outros países latino-americanos, como o próprio Chile, com Sebastian Piñera, em guerra civil. Além do que, os ricos empresários internacionais continuam preocupados com a economia, porém a que move o sistema financeiro e não exatamente a produção, riqueza social e divisão social. Por fim, para nações em tensão extremada, não haverá nunca ambiente para consensos e retorno à mesa.

O trem segue com poucos freios e sem a confiança de trilhos estruturados.

Democracia de Bolívia e Chile

Na política pode-se usar um termo menos técnicos, mas o que parece mais se adequar para a Bolívia, neste domingo (10), é golpe de Estado, quando as forças militares por razões políticas se eximiram de defender o funcionamento das instituições públicas. A dúvida é sobre o comportamento dos países, vizinhos dentre eles o Brasil, que hoje convivendo com a nova política, tem como discurso a caça a qualquer política que não seja neoliberal e conservadora.

Bolívia vivendo dias de guerra civil, depois das últimas eleições se depara com crise institucional após renúncia do presidente Evo Morales, na presidência por 13 anos, com política social e conflitos entre grupos de oposição – Imagem Presidência Boliviana

Não há dúvida de que para os bolivianos serão tempos de perda econômica, piora da qualidade de vida, sobretudo dos indígenas que é a maioria da popular do país. O neoliberalismo combatido por Evo, mas negociado para tomadas de posições governamentais, estará na ordem do dia, como o é no Brasil, com Paulo Guedes, que se intitula radicalizado na economia com menos Estado.

A democracia neste momento político não é sinônimo de participação popular, mas desenvolvimento econômico a qualquer custo, a chamada modernidade industrial, sobretudo financeira, sem qualquer referência com a cultura regional. Sempre é bom que se diga, a América Latina não é a Europa, os Estados Unidos nos costumes, na economia, na leitura de símbolos. Não se trata de atraso, mas de diferenças substanciais. Porém, sempre está no radar de modelos econômicos de países do chamado primeiro mundo.

Como se nota, democracia, república, constituição não se materializam em ordem social, mas de fato em modelo econômico, imposto de fora para dentro, seguindo o qual se chegará à ilha da democracia capital. Como resultado menos gente, menos Estado para mais produtividade, meritocracia.

Esta não é uma questão a ser tratada somente sobre Bolívia, que se tornou a bola da vez, mesmo com economia que mais cresce na região, com estabilidade social, depois de vários governos que não se mantinham no poder. Outra realidade que não é fruto exclusivo da Bolívia, pois, a instabilidade social é um excelente negócio para a concentração de renda e exclusão de pessoas do cenário econômico que não se adaptam a tal realidade.

Nitidamente se observa no Brasil de Guedes e família Bolsonaro aumento de pessoas sem trabalho ou trabalho precário, com mais desempregados nas ruas das cidades brasileiras, inclusive nas pequenas. A classe média que também sente a perda de qualidade de vida, mantém o sonho de chegar ao andar de cima, administrando confiança na política do ex-capitão, respondendo às tradições patrimonialistas e autoritarismo histórico, cuja estrutura na atualidade para a ordem e progresso está no setor financeiro.

A população chilena se mantém nas ruas, mas o presidente Sebástian Piñera continua no poder, com governo neoliberal e apoio das forças armadas com segurança do Estado estável, o que não ocorreu com Morales, que, após questionado o resultado das eleições, no final, anunciou novas eleições. Não adiantou, a questão que surge não é a democracia de fato, pelo menos a que se deveria entender conceitualmente.

Modernidade colonial

A América Latina deverá sentir o reflexo da mudança do comportamento político com a chegada de novas liderança na governabilidade de países regionais, e com declínio de uma direita que responde à missão de implantar em definitivo o neoliberalismo na região.

A política do modelo Europeu, de redução do Estado, tem sempre um problema pela frente, a concentração de renda.

O sentimento social, sem generalizar a perspectiva da opinião pública, é de falta de condições mínimas para sobrevivência nos países pobres com sistema colonialista moderno.

Na Bolívia segue o impasse, que vem se tornando tradição na região, inclusive na memória dos brasileiros, a dúvida política e a decisão de mudanças de governos ainda que eleito, quando estes não atendem aos chamados neoliberais.

Morales, na busca do quarto mandato seguido, segue dizendo que não houve fraude eleitoral nestas eleições, mas oposição decidiu não aceitar nem mesmo nova contagem dos votos feitas pela reconhecida OEA, instituição com fortes relações com modelos político-econômicos globais.

Ponto de virada!

Na América Latina, depois de movimentos rápidos de elevação de uma direita radical, seus efeitos vão perdendo espaço, diante de uma economia capitalista agressiva na fórmula de concentração de renda. O conservadorismo neoliberal (concordamos que paradoxal) em curso se alastra estrondosamente em resposta a um mercado sem limites, com estratégias de comunicação, para no final, atingir objetivos naturais, de redução de direitos trabalhistas, na guerra de ideologias para um mundo arregimentado pelo setor financeiro. Na região, por certo, na política já sem diálogo possível, diante das contradições de produção de riqueza sem chegar à população, efetivamente.

A política conservadora e neoliberal da América Latina começa a perder espaço. As lideranças tradicionais sentem a perde de terreno nas últimas eleições, como é o caso da eleição da prefeita eleita de Bogotá, Claudia López – imagem RAUL ARBOLEDA (AFP)

Para além da queda política do chileno Sebástian Piñera que tem à mostra o modelo militar Pinochet falido, com milhares de pessoas nas ruas, na Argentina com a o retorno do Kirchnerismo, a Colômbia começa a mudar o sentimento de apoio às figuras ligadas aos Estados Unidos que historicamente, nas últimas décadas, domina o país das lutas armadas. O uribismo (filosofia política criada e imposta por Álvaro Uribe) que sequer considerou a possibilidade de pacificação com os grupos armados vai perdendo terreno, caindo na impopularidade. A guerra do Estado colombiano contra os guerrilheiros pode se uma boa estratégia de se manter no poder do conservadorismo econômico e neoliberal.

Como resultado das últimas eleições, a capital Bogotá será comanda por uma mulher, Claudia López, quem não esconde a homossexualidade, e na política ocupa o centro-esquerda, ou seja, destoa de uma visão conservadora aos moldes bolsonarista e uribista na região. A Colômbia vem reproduzindo com entusiasmo nos últimos anos a defesa do neoliberalismo, com abertura sem limites com as empresas internacionais, com questionável base militar dos Estados Unidos, porta de entrada do imperialismo comercial na América Latina, a depender das forças militares.

Como se nota, diante das mudanças de comportamento do eleitor na região, a questão política vem se tornando cada vez mais pragmática. A população não quer discutir se o país está mais rico ou pobre quanto ao resultado do PIB, que resulta no cálculo da produção anual da riqueza, mas o quanto há melhora na sua qualidade de vida de maneira particular, familiar. Pode ser paradoxal, mas é uma atitude com efeito comunitário, quando os vizinhos descobrem que estão nas mesmas condições, cada vez mais pobres, mais apertados para fechar as contas no final do mês e perdendo renda. Esta é a política que se vê na atualidade, com seus efeitos, nem tão tímidos assim.

Sabedor disso, sem condições para a melhoria na economia, as guerras de palavras e acontecimentos criados na política regional nos setores midiático, de maneira dicotômica (sem diálogo ou propostas sociais) entre capitalismo e marxismo, conservadorismo e progressismo, direita e esquerda, local e global, moderno e atrasado não passam de forma de confundir a opinião pública, que é corroborado pela imprensa que segue defesa em seus editoriais do modelo de aperto econômico das famílias (não se resumindo às periféricas), o chamado neoliberalismo.

Os olavistas no Brasil, a escola de Bolsonaro, com base nos Estados Unidos, parecem ter estudado e entendem bem de guerra, com poucas condições de dialogar com a distribuição de renda e medidas para o desenvolvimento econômico com justiça social na América Latina, claro, neste contexto o Brasil, com sua posição de líder econômico regional.

Efeito colateral!

Do outro lado do conservadorismo, que parte do eleitor brasileiro tem foco intransigentemente, neste momento, tem mais coisas do se imagina e devem ser observadas.

No Brasil é provável que os eleitores fiéis ao capitão reformado, Jair Bolsonaro, ainda continuem depositando sua visão de mundo conservadora e patriótica, na liderança do clã político. No entanto, se virar o rosto vai notar que os países com modelo econômico e político do brasileiro entrou numa espécie de guerra civil. A causa não está em um aumentinho aqui e acolá, mas uma economia que deixa os pobres mais pobres e os ricos mais ricos.

Com modelo econômico seguido pelo bolsonarismo, no Chile, populares vão às ruas contra o governo do conservador Sebastián Piñera, em movimento político, resultando em mortes e destruição – Imagem Pedro Ugarte/AFP

Na falta de emprego, precariedade quando se tem trabalho, com uma classe média caindo de patamar social e alguns remediados com vínculo ao setor financeiro com alguma ascensão social, de forma diminuta. Enquanto isso, os milionários se reduzem cada vez mais em torno do 1%, com estradas largas com os países desenvolvidos. Uma terrível mal-estar social, que eleva a fervura na água e a crise se estabelece violentamente nas ruas.

Importante fazer as contas. Donald Trump nos EUA enfrenta a oposição com denúncias e ameaça de impeachment, na Argentina Maurício Macri, amigo de primeira hora do bolsonarismo enfrentou a rua e agora deve deixar a Casa Rosada, diante do caos econômico do vizinho. No Chile as ruas estão vivendo tensões com uma população raivosa nas ruas, contra o país modelo do ministro da economia Bolsonarista, Paulo Guedes, que observa tudo pelo nível da privatização e abertura de mercado ao infinito, sem observar efeitos colaterais na sociedade brasileira.

No Equador, Lenín Moreno, em parceria com o FMI viu uma população pôr as ruas em chamas, com aumento de 10% dos combustíveis, condição imposta pelo fundo para liberar dólares como empréstimo. Depois do caos o governo voltou atrás culpando a oposição de Rafael Correa, sem analisar o próprio modelo econômico que defende subserviente às forças internacionais, na pequena nação latino-americana.

Enquanto isso no Brasil a guerra na mídia está em torno do personagem de uma trama no mínimo estranha, entre Eduardo Bolsonaro, político de pouco carisma, contra inimigos existentes dentro do próprio partido do pai presidente, o PSL, leva a mídia a horas de material “jornalístico”. Na economia nenhuma palavra, pois ao que parece o modelo agrada a uma elite econômica que sabe dos efeitos colaterais da economia levada em frente, e para o que foi eleito, Jair Bolsonaro.

Do outro lado do conservadorismo, que parte do eleitor tem foco intransigentemente, tem mais coisas do se imagina e devem ser observadas, sob a pena de haver o retorno das fortes batalhas nas ruas no país da “ordem e progresso”.

Bolsonaro, ‘pessoa do ano’

Como nunca a política brasileira passa pelo incentivo dos Estados Unidos a abertura das portas do Brasil para os interesses internacional, com ampliação do país da América do Norte como agente dominante na América Latina. A premiação da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos para este ano tem como o homenageado o presidente brasileiro como a “pessoa do ano”.

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Imagem Elpaís/ Gabriela Korossy – Homenagem a Bolsonaro nos Estados pela Câmara de Comérico entre os dois países gera debate. O político brasileiro vem obtendo apoio internacional para propostas neoliberais anunciadas pelo governo.

Com todas as ressalvas seria uma questão a felicitação passa pela política econômica de uma elite que aprofunda suas relações com o mundo em busca de mais negócios e rentabilidade lucrativa. O social, pode passar ao largo da comilança, com custo de alguns dólares para participar do banquete.

Na análise político do homenagem talvez fosse importante considerar que o presidente brasileiro chegou aos 100 dias de governabilidade com questionamentos em várias partes do mundo, quando o assunto é defesa da natureza, como atenção a proximidade com o agronegócio e exploração de riquezas minerais, e minorias sociais.

No universo econômico, os brasileiros veem o aumento do desemprego, o peso da inflação no bolso das pessoas do andar de baixo, e dúvidas quanto ao futuro de um governo conservador e ao mesmo tempo neoliberal.

Se no Brasil perde popularidade, há dúvida quanto ao perfil de Bolsonaro no mundo, com amizades que se alastram pelo mercado internacional, que quer aproximação da governabilidade e não exatamente da pessoa que querem indicar como sendo destaque do ano. No mundo do negócio internacional neoliberal, pode-se acreditar a falta de coração e alma nas decisões sociais.

No entanto, distante do senhor mercado, nem todos concordam com as propostas e sinalizações do político brasileiro. Perguntado pela mídia sobre a homenagem do presidente brasileiro, o prefeito de Nova York respondeu: “Isso [homenagear Bolsonaro] vai além de uma mera ironia e chega a ser uma contradição chocante. Esse cara é um ser humano muito perigoso”.

“[Bolsonaro] é perigoso não só por causa de suas posições abertamente homofóbicas e racistas, mas porque ele é, infelizmente, a pessoa com a maior capacidade para definir o acontecerá com a Amazônia no futuro, e se a Amazônia for destruída, uma vez que ela parte do nosso ecossistema global, todos nós estaremos em perigo”, disse.

Nem os amigos concordam com o presidente

Sebastián Piñera , presidente chileno, que foi anfitrião de Bolsonaro em evento político para fundação da Prosul, uma espécie de montagem de grupo anti-chavismo, afirma que não concorda com algumas posturas do amigo brasileiro. De estranhar pelo fato de ser conhecido por seu comportamento neoliberal, com medidas da política de ultradireita na América Latina.

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Imagem publicada por Maranhão Hoje, REUTERS/Rodrigo Garrido – imagem presidente brasileiro ao lado de seus amigos (da esquerda para a direita) políticos da Colômbia, Chile e Argentina, que compõe o grupo anti-chavista e defensor da política dos Estados Unidos na América Latina.

Talvez queira não se identificar com os radicalismos do capitão eleito, que faz referência positivas a reconhecidos nomes de militares que promoveram torturas no Brasil e exterior.

O chileno observou nos dias de presença do presidente na política do país, diversos protestos que pouco fizeram parte das luzes dos meios de comunicação do Brasil, como seria de esperar, diante do temor de dar demonstração aos empresários regionais de grande fortuna, qualquer signo do socialismo. O resultado seria perda de receitas e de espectadores de uma ideologia de extrema direita na contemporaneidade e com poder aquisitivo.

Os sinais de Piñera pode não ser interessante para Bolsonaro que continua repetindo frases impopulares pouco democráticas, quando diz que “quem procura osso é cachorro”, numa referência a pesquisa sobre as atrocidades nas mortes de milhares de pessoas no Brasil e por certo em países que conviveram com ditaduras, como o Chile, Argentina.

O Chileno aproveita para sinalizar para os eleitores do país, cuja política, parte dela, decidiu por boicote ao amigo brasileiro em confraternização entre associados à política conservadora e pró-Estados Unidos.