Conflitos sociais no Brasil e Colômbia

Pessoas protestam contra medidas econômicas do governo Colombiano, que atingem direitos sociais – imagem Joaquim Sarmiento/AFP

A Colômbia continua em debate pelo mundo em consequência de uma guerra civil que vai se tornando a única solução para uma comunidade em desespero, com perdas de direitos, manutenção de miséria e exclusão em favor de poucos, que se escondem na proteção do escudo da política externa. Devemos avaliar que o país latino-americano não é o primeiro com movimentos sociais tensionados. O Brasil conheceu recentemente o barulho das ruas, na sequência Chile, Bolívia e por vezes a Venezuela amanheceram com batalhas ensurdecedoras.

A questão a ser analisada é como resolver a miséria e a marginalidade de milhares de pessoas na região, com resultado na violência e desumanidade, vista como a mais desigual do mundo. A política, especialmente para eleições presidenciais, se mostra caminho seguro para se pensar no diálogo com a população e a construção de sentido de sociedade.

A eleição de Bolsonaro no Brasil e Donald Trump nos Estados Unidos, para apenas dois exemplos, de fato trata-se do pior caminho para uma proposta de redução de desigualdades na América Latina.

A política da Comunidade Europeia e do país do Tio Sam resulta em colonialismo em tempos modernos de tecnologia e mais domínio, ainda que disfarçado de ajuda humanitária e preocupação com ação de governo da oposição nos respectivos países, como ocorreu com a Bolívia e Venezuela.

A Colômbia, como espécie de colônia armada dos Estados Unidos, se mostra exemplo de que a submissão à política externa colonialista não é o caminho para a paz e igualdade, na defesa do bem-estar social.

Armas podem ser apenas sinônimo de força, que permitem manter possuidores da riqueza nacional dominada, na certeza da determinação do poderio bélico, que atinge a própria população, seu alvo para bons negócios e produtividade com mão de obra barata e em volume, com discurso de democracia e igualdade.

Pode parecer estranha a afirmação de que o Brasil depende do desenvolvimento da América Latina para o seu desenvolvimento e equilíbrio social interno, talvez não seja, mas se revela sem lógica a condição de porta-voz do centro econômico para a condução do país na onda da ordem e progresso.

A questão que precisa ser posta na Colômbia é se o movimento de rua, com mortes e desaparecimento de amotinados resistentes, não se resume em mudar nomes no comando do governo para se manter a organização política interna, com as mesmas armas externas, e reflexo nas desigualdades latino-americanas.

Autor: Antonio S. Silva

Jornalista, doutor pela UnB e professor da (UFMT, com mestrado pela PUC/SP e Docente no curso de Jornalismo da UFMT. Em essência, acreditamos que é necessário o diálogo para construirmos, democraticamente, um país melhor.

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