Ponto de virada!

Na América Latina, depois de movimentos rápidos de elevação de uma direita radical, seus efeitos vão perdendo espaço, diante de uma economia capitalista agressiva na fórmula de concentração de renda. O conservadorismo neoliberal (concordamos que paradoxal) em curso se alastra estrondosamente em resposta a um mercado sem limites, com estratégias de comunicação, para no final, atingir objetivos naturais, de redução de direitos trabalhistas, na guerra de ideologias para um mundo arregimentado pelo setor financeiro. Na região, por certo, na política já sem diálogo possível, diante das contradições de produção de riqueza sem chegar à população, efetivamente.

A política conservadora e neoliberal da América Latina começa a perder espaço. As lideranças tradicionais sentem a perde de terreno nas últimas eleições, como é o caso da eleição da prefeita eleita de Bogotá, Claudia López – imagem RAUL ARBOLEDA (AFP)

Para além da queda política do chileno Sebástian Piñera que tem à mostra o modelo militar Pinochet falido, com milhares de pessoas nas ruas, na Argentina com a o retorno do Kirchnerismo, a Colômbia começa a mudar o sentimento de apoio às figuras ligadas aos Estados Unidos que historicamente, nas últimas décadas, domina o país das lutas armadas. O uribismo (filosofia política criada e imposta por Álvaro Uribe) que sequer considerou a possibilidade de pacificação com os grupos armados vai perdendo terreno, caindo na impopularidade. A guerra do Estado colombiano contra os guerrilheiros pode se uma boa estratégia de se manter no poder do conservadorismo econômico e neoliberal.

Como resultado das últimas eleições, a capital Bogotá será comanda por uma mulher, Claudia López, quem não esconde a homossexualidade, e na política ocupa o centro-esquerda, ou seja, destoa de uma visão conservadora aos moldes bolsonarista e uribista na região. A Colômbia vem reproduzindo com entusiasmo nos últimos anos a defesa do neoliberalismo, com abertura sem limites com as empresas internacionais, com questionável base militar dos Estados Unidos, porta de entrada do imperialismo comercial na América Latina, a depender das forças militares.

Como se nota, diante das mudanças de comportamento do eleitor na região, a questão política vem se tornando cada vez mais pragmática. A população não quer discutir se o país está mais rico ou pobre quanto ao resultado do PIB, que resulta no cálculo da produção anual da riqueza, mas o quanto há melhora na sua qualidade de vida de maneira particular, familiar. Pode ser paradoxal, mas é uma atitude com efeito comunitário, quando os vizinhos descobrem que estão nas mesmas condições, cada vez mais pobres, mais apertados para fechar as contas no final do mês e perdendo renda. Esta é a política que se vê na atualidade, com seus efeitos, nem tão tímidos assim.

Sabedor disso, sem condições para a melhoria na economia, as guerras de palavras e acontecimentos criados na política regional nos setores midiático, de maneira dicotômica (sem diálogo ou propostas sociais) entre capitalismo e marxismo, conservadorismo e progressismo, direita e esquerda, local e global, moderno e atrasado não passam de forma de confundir a opinião pública, que é corroborado pela imprensa que segue defesa em seus editoriais do modelo de aperto econômico das famílias (não se resumindo às periféricas), o chamado neoliberalismo.

Os olavistas no Brasil, a escola de Bolsonaro, com base nos Estados Unidos, parecem ter estudado e entendem bem de guerra, com poucas condições de dialogar com a distribuição de renda e medidas para o desenvolvimento econômico com justiça social na América Latina, claro, neste contexto o Brasil, com sua posição de líder econômico regional.